domingo, 30 de maio de 2010

LESTE DE ANGOLA - 9


Memórias de um passado saudoso

01 de Dezembro, 6ª. feira, 9º. dia de viagem por terras de Angola. Estamos em Nova Lisboa (Huambo). Eu, e o Soares.
Desperta o dia e preparamo-nos para a partida, rumo à capital de Huíla. Sá da Bandeira, (Lubango) - a cidade que ainda hoje mais gostaria de viver !...

Eu, algures em àfrica

Seguimos em transporte público pois, os bilhetes foram-nos cedidos por aquele que viria a ser o meu cunhado. Este amigo Vasco, por trabalhar como contabilista na Empresa Rodoviária “EVIPAL”, ofertou-nos com a viagem de 455 Km.
Partimos juntos – eu, e o Zé porém, este regressaria a N. Lisboa, após percorridos 25 Km, com paragem em Robert Williams. Tinha marcado um encontro com uma das nossas “conquistas” e gostava de usufruir por mais um dia na sua companhia...
Demos a entender a quem nos ofereceu as viagens, que a aceitámos com muito grado todavia, para que não se fizesse desfeita alguma, o Zé partiu para regressar de imediato à origem.
O meu propósito desde a primeira etapa seria cumprir com o pré delineado roteiro. Ele, seguir-me-ia mais tarde e consoante a sua conveniência.
No longo percurso passei por Caluquemba e Caconda. Esta última povoação fará lembrar a qualquer estudioso dos percursos dos exploradores africanos, o célebre sertanejo Serpa Pinto. Caconda, foi um povoado que deu guarida a este aventureiro o qual desbravou regiões inóspitas por esse Cuando-Cubango. Ele, e Silva Porto, com quem se cruzou por essas savanas que, passadas décadas, foram defendidas pelos nossos “especiais” da FAP.  Todos se lembrarão de localidades como: Luiana, Mavinga, Cuito Canavale, Gago Coutinho, Neriquinha, Cazombo e, tantas mais...
Esta viagem fez-me lembrar os tempos das grandes explorações senão, admirem um pastor avistado por mim, tal qual um homem pré-histórico.

Pastor Muíla

Cheguei por volta das 17:00 H e, hospedei-me na “Pensão Dória”. De seguida, fui fazer o reconhecimento citadino para apresentar os meus conhecimentos ao colega que chegaria brevemente. Percorri as avenidas Chagas e Capelo Ivens, visitei o Cristo Rei (construção de colonos Madeirenses) e, reparei na preparação precoce da iluminação para a quadra natalícia de 1972.
No dia seguinte, fui em busca da minha correspondente Ilisa pois, em cada cidade, tinha preconizado o apoio feminino através de correspondência.
Dediquei parte do dia em visitas históricas dando valor à arte Muíla e Cunhama assim como, aos achados pré-históricos encontrados no deserto de Moçâmedes, Kahalari ou, Namibe.
Mais um dia e, deparo-me com o Zé que já tinha regressado de N. Lisboa. Subimos os dois à Ravina da Tundavala, penhascosa fenda com dois mil metros de altitude. Espectáculo Africano dos mais belos  de Angola. No fundo da ravina, pontinhos pouco distintos, indicavam-nos a povoação de Vila Arriaga e, a partir  desta vila, iniciava-se o deserto em todo o seu esplendor.

Tundavala

De referir que a Natureza foi pródiga em Sá da Bandeira . O clima é idêntico a Portugal e, as fendas da Tundavala, do Bimbe, as cascatas, a serra da Leba e Chela, a estrada em serpente – fazem-nos lembrar outro Mundo !...

A estrada Serpente do Leba

Na nossa estadia, num café situado no Picadouro”, sentado à nossa frente, encontrava-se o famoso cantor “Tony de Matos”. Acompanhou o filme “A Derrapagem” por toda a Angola, filme que semanas depois, viria a apresentar-se em H. Carvalho, juntamente com o  cantor.
Enquanto de permanência na capital de Huíla, ainda me desloquei a Vila Almeida em busca doutra correspondente. Esta, encontrei-a dias mais tarde em Luanda, para onde se tinha mudado na procura de emprego.
O Zé e eu ainda tivemos tempo para explorar mais uns namorecos. Armámo-nos em pilotos de “Helis” e, mais uma vez deu resultado. Porém, uma delas já tinha namorado e tivemos que sair do “ambiente” com todas as cautelas...
“Vítor, tira o cinto... Os gajos vêm atrás de nós...”
Ele, ainda se lembra desse episódio e dos nomes das “chéries” – Mariazinha e Lena...
Deixo Huíla e, parto para Moçâmedes. O Zé ainda quis ficar na cidade para reatar o tal namoreco. O nosso reencontro já  seria em pleno deserto....
Desço a Serra da Chela numa boleia de camião. Curva, contra-curva e, o condutor, homem forte, alto, experiente nas viagens atribuladas  -- avalia-me como aventureiro.
Da nossa conversa, sai o convite para uma caçada de elefantes em Vila Roçadas ou, Pereira D´Eça  -- história que se seguirá brevemente  ... se tiverem paciência para tal !...

 Picadouro Sá da Bandeira
         
Até breve
O amigo Vítor Oliveira  -- Ocart

3 comentários:

  1. Se tivesses ido em 71 tinhamo-nos encontrado.

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  2. É exactamente como dizes. Também apanhei boleias . Só não matei elefantes.

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  3. Aguardo com interesse o próximo capítulo.

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